Infelizmente não sabemos lidar com nossas mazelas sociais.
Ao invés de atacarmos a origem dos males, focamos o resultado destes. Isso quando não estamos lançando a culpa de nossos grandes problemas sociais no "imperialismo" ou no "capitalismo". Estamos sempre inventando soluções "miraculosas". País inculto e metido a rico dá nisso.
Insegurança Pública? É fácil: ao invés de investir mais em educação, possibilitar o crescimento da economia, melhorar quantitativa e qualitativamente o pessoal e equipamentos policiais, basta fazer campanha de desarmamento (expondo os honestos à sanha da bandidagem, instruções de como se locomover pelas ruas e como se manter preso dentro de casa e, o mais lucrativo para alguns espertinhos do governo: seus parentes criam empresas privadas de segurança e ficam ricos.
Saúde pública precária? Ora, para eles são criadas empresas que explorem os serviços de planos de saúde para seu enriquecimento e para o povo campanhas de combate a dengue, a malária, ao fumo, ao álcool, etc.
Educação pública deficitária, que impede aprovação no vestibular? Simples: acaba-se com o vestibular.
Educação deficitária, devido à baixa qualidade dos professores? Tranqüilo: libera-se o modo de falar e de escrever; ao invés do "difícil" ensino das ciências e da filosofia, passa-se a ensinar a eterna luta dos ricos X pobres; morenos X olhos azuis; povo X "zelite". E no intervalo das aulas, "feiras de ciências" com alunos montando maquete de papelão sem saber para que serve aquilo. Ou organizando festas. Ou em reuniões da comunidade escolar onde os pais, ao invés de ficarem ao lado dos alunos exigindo melhores aulas, ficam ao lado dos professores na sua eterna pendenga por mais salários e menos aulas.
Insuficiência de universidades públicas? Não tem problema: autorizam-se inúmeras fábricas de diplomas universitários.
Se o problema é a má qualidade dos transportes públicos, aprova-se a insegurança, o desconforto e a precariedade dos serviços de moto taxis.
Serviços ruins no judiciário? Vamos fazer campanhas de conciliações e criar restrições aos recursos.
Surgiu uma grave denúncia envolvendo a precariedade dos serviços públicos? Criam-se CPI, grupos de trabalho, encomendam-se projetos e joga-se a solução para daqui uns meses (ou até o próximo escândalo).
E pra gente não perceber os cadáveres nas ruas e nos hospitais públicos, vítimas da míngua e da violência; pra não percebermos os defeitos nas poucas e mal feitas obras públicas, resultado da corrupção; pra não termos contato com os idosos de mãos calejadas que precisam provar na Justiça que são idosos e que trabalharam a vida toda para obterem uma mísera aposentadoria; para não enxergarmos os que morrem sem terem obtido seus justos direitos por causa da morosidade da justiça; prá que não nos conscientizemos dos milhões de meninos e meninas que nos vestibulares e nos pedidos de empregos escrevem e falam "nóis precisa disso"; para esquecermos as grades nas portas e janelas e os homens de bem presos dentro delas; para pensarmos que, enfim, temos um governo que olha por nós, de todo lado nos ataca a propaganda governamental mostrando que o Brasil não é esse País que está aí na nossa frente, todos os minutos do dia,cheio de problemas, mas sim aquele outro, feito em Brasília, cheio de estatísticas produzidas por encomenda, que nos mostra um Brasil rico e próspero, naqueles minutos mágicos da TV ou do rádio que, por sinal, nos custam milhões de reais.
Somos ou não somos um "País para Tolos"?