SONETO DO DESAMOR
Amei-te faminto, animal alucinado,
arrancando com mordidas teu amor.
E ao fim senti cansaço e vi, saciado,
a cicatriz fechando-se, quase indolor.
Das brasas, então, fez-se cinzas frias
que escoaram-se no tempo como nossas vidas.
Cinzas carregadas pelo vento, no dia-a-dia.
E fez-se pranto a paixão havida.
Solitário, faço a caminhada que também foi tua.
E nos bares e nos copos ainda a vejo nua
nas lembranças do pouco que restou.
Pois todo amor, por menor que seja
deixa na boca o sabor de quem beija
e grava na alma o rosto que se amou.
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Gilmar
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